Zacarias era sacerdote nos dias de Herodes, rei da Judeia, que servia no templo do Senhor no turno de Abias1. Sua esposa, Isabel, era das filhas de Arão. Eles não tinham filhos, pois Isabel era estéril e já tinham idade avançada.
Zacarias servia ao Senhor no templo, quando houve um sorteio para decidir quem entraria no santuário do Senhor para queimar incenso. Zacarias foi o sorteado. Queimar incenso era uma grande honraria ao sacerdote durante a sua semana de trabalho e também uma ocasião sagrada. O incenso oferecido representava as orações do povo, que estavam sendo ofertadas ao mesmo tempo (Lc 1.10).
Enquanto oferecia o incenso, um anjo do Senhor lhe aparece e diz:
“- Não tenha medo, Zacarias, porque a sua oração foi ouvida. Isabel, sua esposa, dará à luz um filho, a quem você dará o nome de João. Você ficará alegre e feliz, e muitos ficarão contentes com o nascimento dele. Pois ele será grande diante do Senhor, não beberá vinho nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre materno. Ele converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus. E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter aos desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.” (Lc 1.13-17)
E, conforme o anjo lhe falou foi. Chegado o tempo, nasceu o filho de Zacarias e Isabel. E puseram-lhe o nome de João, como dito pelo anjo.
João cresceu e morava no deserto, usava roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro. Se alimentava de mel silvestre e gafanhotos (Mt 3.4). E, pregava no deserto da Judeia dizendo:
“- Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus.” (Mt 3.2)
Isaías, cerca de 700 anos antes, se referiu à João dizendo:
“Uma voz clama: no deserto preparem o caminho do Senhor! No ermo façam uma estrada reta para o nosso Deus!” (Is 40.3)
Malaquias também faz menção à João:
“- Eis que eu envio o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim. De repente, o Senhor, a quem vocês buscam, virá ao seu templo; e o mensageiro da aliança, a quem vocês desejam, eis que ele vem, diz o Senhor dos Exércitos.” (Ml 3.1)
A Palavra do Senhor se cumpriu através da vida de João, este que veio como testemunha, para testificar a respeito da luz, para que todos viessem a crer por meio dele (Jo 1.5). Ele era o arauto do Rei. Veio preparar tudo para a vinda do Rei, do Messias tão aguardado. Jesus, o Cristo!
Os moradores de Jerusalem, de toda a Judeia e de toda a região em volta do Jordão iam até onde João estava e, confessavam os seus pecados e eram batizados (Mt 3.5;6). Ou seja, muitos ouviram a pregação de João Batista. Muitos atenderam ao seu chamado ao arrependimento. Muitos entenderam a urgência em ouvir ao chamado, pois o Dia está próximo. “Arrependam-se, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 3.2).
Não é diferente hoje, estamos vivendo os últimos dias, ao nascer mais um dia, a volta do Senhor está mais próxima. O Seu Reino. Hoje, o Senhor Jesus nos diz:
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (Ap 3.20)
A pregação de João Batista não é diferente em nossos dias. Precisamos do nosso Senhor. Precisamos de salvação. Mas, para isso, precisamos nos arrepender de nossos pecados, de nosso orgulho, da nossa auto-suficiência. E precisamos depender somente Dele.
É necessário termos a ciência de que há ao homem somente dois caminhos. Dois destinos. Um o levará a vida eterna e, o outro, terá sobre ela a ira de Deus.
“Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (Jo 3.36)
Paulo escreve aos Romanos dizendo: “todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Rm 3.23). Ora, se todos pecaram, todos estão sob a ira de Deus. Mas o Senhor, pela tua misericórdia e graça enviou o seu próprio filho para ser oferecido como sacrifício santo e agradável pelos nossos pecados.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16)
Somente Jesus é o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por Ele. Jesus, o Cristo! (Jo 14.6).
Contudo, gostaria de chamar atenção para um grande perigo que ronda os homens. De forma geral, podemos dizer que existem dois tipos de homens, os crentes e os incrédulos. Há, porém, também dois tipos de incrédulos. Primeiro, àqueles que ainda não ouviram ao genuíno evangelho de Cristo e àqueles que ouviram mas negaram ao Senhor Jesus, negaram o seu senhorio. Gostaria de tratar do segundo tipo.
Na passagem de Mateus 3, a partir do verso 7, podemos observar que João Batista se dirige aos fariseus e saduceus da seguinte forma:
“- Raça de víboras! Quem deu a entender que vocês podem fugir da ira que está por vir?” (Mt 3.7)
Os fariseus e saduceus eram judeus, religiosos. Eles seguiam a tradição, os cerimonias. Porém, em seu interior, estavam mortos. Certa feita, um fariseu chamado Nicodemos, procura Jesus de noite e lhe diz o seguinte:
“- Rabi, sabemos que o senhor é Mestre vindo da parte de Deus, porque ninguém pode fazer estes sinais que o senhor faz, se Deus não estiver com ele.” (Jo 3.2)
Jesus, lhe responde o seguinte:
“- Em verdade, em verdade lhe digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.” (Jo 3.3)
Notem, para vermos o Reino de Deus é necessário que ocorra o novo nascimento. É necessário nascermos da água e do Espírito, do contrário, não entraremos no Reino de Deus (Jo 3.5). Nicodemos era um mestre do povo, um Fariseu, conhecedor das escrituras, mas, ele não havia nascido de novo. Tudo o que ele fazia não passava de mera religiosidade.
Voltando então ao segundo grupo de incrédulos. Muitos homens acreditam que entrarão no Reino de Deus por serem religiosos, por frequentarem alguma igreja, por terem uma conduta moralmente aceitável perante os homens… lembrem-se o que Jesus disse a Nicodemos, que praticava todas essas coisas: “- Em verdade, em verdade lhe digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus.”
A pregação de João Batista aos fariseus e saduceus continua:
“Produzam fruto digno de arrependimento! E não pensem que podem dizer uns aos outros: “Temos por pai Abraão”, porque eu afirmo a vocês que Deus pode fazer com que destas pedras surjam filhos a Abraão. E o machado já está posto à raiz das árvores. Portanto, toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.” (Mt 3.8-10)
Façam coisas que mostrem o seu arrependimento. O verdadeiro arrependimento sempre produz mudança de atitude. João está chamando a atenção daquele povo para que eles se voltem ao verdadeiro caminho do Senhor. Não mais a religiosidade, à atitudes apenas para mostrar aos homens, enquanto o coração está distante do Senhor.
O machado está posto para golpear a raiz. Se eles não produzissem bons frutos, dignos de arrependimentos seriam cortados e jogados fora.
Isso não é diferente nos nossos dias. O machado ainda está ativo, preparado para cortar todos aqueles que não produzem bons frutos, frutos que demonstrem o arrependimento, a dependência do Senhor Jesus. Do contrário, também serão lançados fora.
Pense, reflita. Ore ao Senhor Deus. Peça à Ele que sonde o seu coração e revele o seu pecado. Peça para que o Espírito Santo o leve ao arrependimento genuíno e ao reconhecimento que somente Jesus, o cordeiro que foi morto, é o Senhor de sua vida. Que, a partir deste momento, somente Ele reine em seu coração. Entregue todo o seu caminho ao Senhor, confie Nele e tudo o mais Ele fará (Sl 37.5).
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (Ap 3.20)
Essas são as Palavras de Jesus, Ele está à porta. O convide a entrar e habitar em seu coração. Entre tudo a Ele. à Jesus, o Salvador!
Que Deus, em Cristo, o abençoe.
1 Conforme lemos em 1Crônicas 24.7-19, a ordem de Abias era oitava das 24 ordens. Cada ordem servia no templo uma semana por vez, portanto, cada sacerdote servia duas vezes ao ano no templo do Senhor.
DS – 03/04/2021